sábado, 18 de setembro de 2010

MORTE CELULAR

Há duas formas de morte celular: necrose e apoptose.

Necrose:
Necrose é o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte celular em um organismo vivo. É sempre patológica.
   
As membranas das células necróticas perdem a sua integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias contidas nas células. Isto tem importância clínica pois algumas delas são especialmente abundantes em determinados tipos celulares. Estas substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB) acham-se presentes ou elevadas no sangue periférico, onde podem ser dosadas, constituindo assim importante método diagnóstico. 
  
Como conseqüência da necrose ocorre inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos mortos e posterior reparo. Durante este processo inflamatório acumulam-se leucócitos na periferia do tecido lesado, que liberam enzimas úteis na digestão das células necróticas. 
  
O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das células necróticas por suas próprias enzimas (autólise) ou de enzimas derivadas dos leucócitos(heterólise). 
  
A necrose ocorre após a morte da célula, razão pela qual a capacidade de diagnostica-la morfologicamente varia de acordo com o método de observação. Nos casos de infarto do miocárdio a necrose pode ser observada ao microscópio eletrônico, em ½ a 4 horas após a morte celular, ao microscópio óptico pode ser percebida em 4 a 12 horas. A olho nu só começamos a ver a necrose 12 a 24 horas após a morte celular. 
  
Ao microscópio óptico percebemos alterações citoplasmáticas e alterações nucleares. 
  
As alterações citoplasmáticas consistem em aumento da acidofilia, retração e vacuolização. As alterações nucleares consistem em cariopicnose (retração e aumento da basofilia nucleares), cariorréxis (fragmentação do núcleo) e cariólise (dissolução nuclear). 
  
De acordo com a causa da necrose e com o tecido lesado o seu aspecto pode variar. 
  
Morfologicamente distinguimos diversos tipos de necrose: 
  
1 - Necrose de coagulação: na qual conseguimos perceber por alguns dias uma “sombra” das células necróticas. O tecido é inicialmente firme e pálido ou amarelado. Neste tipo de necrose ocorre desnaturação das proteínas celulares. Ocorre no infarto do miocárdio. 
  
2 - Necrose de liquefação: o tecido necrótico se liqüefaz rapidamente. Ocorre principalmente nas infecções bacterianas com formação de pus e no sistema nervoso central. 
  
3 - Necrose caseosa: é uma forma diferente de necrose de coagulação, na qual o tecido se torna branco e amolecido. É habitualmente encontrada na tuberculose. 
  
4 - Necrose gordurosa (ou enzimática): geralmente causada pelo extravasamento e ativação de enzimas pancreáticas que digerem a gordura do pâncreas, do epíploo e do mesentério. Encontrada na pancreatite aguda. Às vezes ocorre por traumatismo que ocasiona ruptura dos adipócitos; encontrada principalmente na mama feminina. 
  
5 - Gangrena: não é propriamente um tipo de necrose, geralmente se referindo à necrose de um membro por perda do seu suprimento sangüíneo, às vezes complicada por infecção bacteriana (gangrena úmida, gangrena gasosa). 

Evolução da necrose:

Geralmente como conseqüência da necrose há um processo inflamatório que se encarrega de digerir as células mortas para que possam ser reabsorvidas e substituídas por células semelhantes àquelas destruídas (regeneração) ou por tecido fibroso (cicatrização). Em algumas ocasiões o tecido necrótico pode sofrercalcificação (calcificação distrófica), como por exemplo na tuberculose primária e na pancreatite ou encistamento (pseudocisto do pâncreas) ou ainda eliminação(caverna tuberculosa).

Apoptose:

Também chamada de morte celular programada em virtude do seu mecanismo envolver  a degradação do DNA e das proteínas celulares segundo um programa celular específico. Nesta forma de morte celular não há vazamento de proteínas através da membrana celular, ocorrendo fagocitose da célula apoptótica sem inflamação local.

A apoptose pode ser fisiológica ou patológica.

Exemplos de apoptose fisiológica são a destruição programada de células durante a embriogênese e a involução mamária após a lactação.

A apoptose patológica ocorre em condições tais como  hepatite por vírus (hepatócitos apoptóticos), atrofia acinar após a obstrução de ductos glandulares e destruição de células lesadas por radiação.

Morfologicamente as células apoptóticas diminuem de tamanho, exibem cromatina condensada formando agregados próximo à membrana nuclear. A seguir há formação de corpos apoptóticos (fragmentos celulares), percebendo-se finalmente a fagocitose das células ou de seus fragmentos por macrófagos.

Os mecanismos bioquímicos da apoptose compreendem a clivagem de proteínas por hidrólise  que envolve as caspases (proteases), que normalmente acham-se contidas nas células sob forma de pró-enzimas. Estas enzimas não só hidrolisam proteínas mas também ativam DNAses, que degradam o DNA nuclear. Mudanças na membrana plasmática das células apoptóticas que passam a expressar determinadas substâncias químicas (fosfatidilserina), as tornam precocemente alvo de fagocitose pelos macrófagos, sem a liberação de substâncias que produziriam inflamação local e portanto maior lesão tecidual.

LESÕES CELULARES IRREVERSÍVEIS

Lesões celulares irreversíveis


 As células do nosso organismo devem ser mantidas em condições constantes no que diz respeito à temperatura, irrigação sangüínea, oxigenação e suprimento de energia (homeostase) 
  
Pequenos desvios nestas condições podem ser tolerados, dependendo do tipo da célula atingida, por períodos variáveis de tempo, sem prejuízo da sua função e sem alterações estruturais.
  
Caso a mudança nas condições do ambiente celular seja um pouco mais intensa ou prolongada, podem ocorrer alterações adaptativas como hiperplasia, hipertrofia, atrofia. 
  
Agressões mais intensas ou prolongadas podem levar a alterações celulares reversíveis como a esteatose. Estas alterações são chamadas reversíveis pois caso o estímulo agressor seja retirado ou cesse, as células retornam ao seu estado normal, funcionalmente e morfologicamente. 
  
Caso o estímulo agressor seja mais prolongado ou mais intenso, ocorre lesão celular irreversível, culminando com a morte da célula. 

Existem diversos fatores que influenciam no destino da célula exposta a condições anormais: 
  
I - Fatores ligados ao agente agressor 
  
    1) Tipo de agente agressor 
    2) Intensidade da agressão 
    3) Duração da agressão 
  
II - Fatores ligados à célula agredida. 
  
    1) Tipo de célula agredida 
    2) Estado fisiológico da célula 
  
Os sistemas das células são de tal modo interligados, que qualquer que seja o ponto inicial da lesão celular, a tendência é que com o passar do tempo, todos os sistemas da célula sejam atingidos. Quatro desses sistemas são especialmente vulneráveis: 
  
    1) Membranas - de cuja integridade depende o controle das substancias que saem ou entram na célula 
    2) Respiração aeróbica - da qual dependem os sistemas que utilizam energia, inclusive as membranas
    3) Síntese proteica - que produz proteínas estruturais, enzimas e outras
    4) Aparato genético da célula - indispensável para a manutenção da síntese proteica, entre outras funções
  

sábado, 11 de setembro de 2010

PIGMENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

"Alteração no grau de pigmentação do interior das células."

O acúmulo anormal de pigmentos ou a sua diminuição também são indicativos de que a célula sofreu agressões. Uma pigmentação anormal é mais um sinal de perda da homeostase e da morfostase celular, portanto, é patológica.
A pigmentação patológica pode ser exógena, cujos pigmentos são de origem externa ao organismo, ou endógena, formada a partir de pigmentos naturais do corpo.

PIGMENTAÇÃO EXÓGENA

"Pigmentação por pigmentos de origem externa ao corpo."

Apigmentação exógena pode ser dividida nos seguintes tipos:

ANTRACOSE: pigmentação por sais de carbono. Comum sua passagem pelas vias aéreas, chegando aos alvéolos pulmonares e ao linfonodos regionais por intermédio da fagocitose do pigmento. A antracose em si não gera grandes problemas, mas sua evolução pode originar disfunções pulmonares graves, principalmente em profissionais que constantemente entram em contato com a poeira de carvão. Cor: varia do amarelo-escuro ao negro.

SIDEROSE: pigmentação por óxido de ferro. Cor: ferrugem.

ARGIRIA: pigmentação por sais de prata. Geralmente é oriunda por contaminação sistêmica por medicação, manifestando-se principalmente na pele e na mucosa bucal. Cor: acinzentada a azul-escuro e enegrecida se a prata sofrer redução.

BISMUTO: Atualmente é rara de ser vista, sendo comum na terapia para sífilis. Cor: enegrecida.

TATUAGEM: feita por sais de enxofre, mercúrio, ferro e outros corantes. A fagocitose, feita por macrófagos, desses pigmentos pode provocar a transferência destes para linfonodos regionais. Cor: varia conforme o tipo de pigmento presente.

SATURNISMO: contaminação por sais de chumbo. Cor: azulada ou negra, dependendo da profundidade do tecido onde se encontra. Na gengiva, a contaminação por sais de chumbo ou bismuto produz uma coloração negra denominada de LINHA DE BURTON.

TATUAGEM POR AMÁLGAMA: áreas de coloração azulada na mucosa bucal decorrente da introdução de partículas de amálgama na mucosa; essa introdução pode ser devida a lesão na mucosa no local da restauração no momento de inclusão do amálgama na cavidade.

É importante ressaltar que a patologia das pigmentações centra-se no fato de que estão presentes não somente cores diferentes no local, mas também, e principalmente, substâncias estranhas aos tecidos, provocando as chamadas reações inflamatórias. Os agentes pigmentadores exógenos, assim, constituem, antes de mais nada, fatores de agressão, ao contrário dos agentes pigmentadores endógenos, naturais no organismo, cuja presença indica que o tecido está sofrendo algum tipo de agressão não necessariamente provocado pelo pigmento.

PIGMENTAÇÃO ENDÓGENA

"Pigmentação por pigmentos produzidos dentro do corpo".

A pigmentação endógena pode ser dividida em dois grupos: grupo dos pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos, oriundos da lise da hemoglobina, e grupo dos pigmentos melânicos, originados da melanina.

PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS

Esses pigmentos se originam da hemoglobina, proteína composta por quatro cadeias polipeptídicas e quatro grupos heme com ferro no estado ferroso (Fe++). Sua porção protéica é chamada de globina, consistindo de duas cadeias alfa e duas beta (as cadeias alfa têm forma helicoidal). A lise dessa estrutura origina os pigmentos denominados de hemossiderina e bilirrubina.

Hemossiderina: resultado da polimerização do grupo heme da hemoglobina, a hemossiderina é uma espécie de armazenagem do íon ferro cristalizado. Este se acumula nas células, principalmente do retículo endotelial. É originada da lise de hemácias, de dieta rica em ferro ou da hemocromatose idiopática (alteração da concentração da hemoglobina nos eritrócitos).Sua cor é amarelo-acastanhado.

Porfirinas: pigmento originado semelhantemente à hemossiderina, sendo encontrado mais na urina em pequena quantidade. Quando há grande produção deste, pode ocasionar doenças denominadas de "porfirias".

Bilirrubina: é o produto da lise do anel pirrólico, sem a presença de ferro. Conjugada ao ácido glucurônico pelo hepatócito, a bilirrubina torna-se mais difusível, não se concentrando nas células que fagocitam hemáceas, o que provoca um aumento generalizado desse pigmento, denominado de icterícia. Tem sua origem nos casos de lise hemática, de doença hepatocítica ou de obstrução das vias biliares. Acredita-se, hoje, que a bilirrubina seja originada da hematoidina, pigmento que se cristaliza próximo às hemácias rompidas.

Hematoidina: pigmento de coloração mais amarelada que a hemossiderina, apresentando granulação sob a forma de cristais bem nítidos. Também não possui ferro, semelhantemente à bilirrubina. Forma-se em locais com pouco oxigênio.

PIGMENTOS MELÂNICOS

Produzida por melanoblastos, a melanina tem cor castanho-enegrecida, sendo responsável pela coloração das mucosas, pele, globo ocular, retina, neurônios etc. O processo de síntese da melanina é controlado por hormônios, principalmente da hipófise e da supra-renal, e pelos hormônios sexuais. Casos de alterações nessas glândulas podem acarretar em aumentos generalizados da melanina. Exposições aos raios ultra-violeta também provocam esses efeitos.
Os aumentos localizados da melanina podem se manifestar sob as seguintes formas:
Nevus celulares: localização heterotópica dos melanoblastos (camada basal da epiderme).Os nevus podem ser planos (ditos juncionais) ou elevados (dérmicos ou intradérmicos).
Melanomas: manchas escuras, de natureza cancerosa. Há o aumento da quantidade de melanócitos, os quais encontram-se totalmente alterados, originando esse tumor maligno. Em geral, os melanomas são destituídos de pigmentação melânica devido à natureza pouco diferenciada do melanócito.
Efélides ou Sardas: hiperpigmentação na membrana basal causada por melanoblastos.
Mancha mongólica: mancha clara, principalmente na região do dorso e sacral.
Como diminuição localizada da pigmentação melânica tem-se:
Vitiligo: comum nas mãos; causada pela diminuição da quantidade de melanócitos produtores de pigmento na epiderme, manifestando-se clinicamente como manchas apigmentadas.
Albinismo: forma recessiva e autossômica; localizada principalmente na região do crânio; os melanócitos encontram-se em número normal, mas não produzem pigmento.

FONTE: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoartepig3.htm

Osteomielite

O que é Osteomielite?


A Osteomielite é um processo inflamatório agudo ou crônico do tecido ósseo, produzido por bactérias piogênicas (isto é, produtoras de pus). A bactéria responsável varia de acordo com a idade do paciente e o mecanismo da infecção. Esses agentes causadores (bactéria) chegam ao tecido ósseo de diferentes maneiras: através de infecções originadas em lesões cirúrgicas ou acidentais; através de partes infectadas do corpo que aumentam a sua área afetada, atingindo os ossos; pelo sangue, que pode trazer infecções de outras partes do corpo. A Osteomielite pode ser de origem hematogênica, isto é, causada por bactérias que se originam de um foco infeccioso afastado do osso, chegando ao mesmo através da circulação sangüínea. Este tipo de Osteomielite ocorre mais comumente em crianças. Os locais dos ossos mais afetados são a metáfise (que é uma região altamente vascularizada nos ossos em crescimento) e a epífise dos ossos longos. Pode também ser devido a uma lesão contígua ao osso, durante um trauma direto (como exemplo: trauma produzido por um instrumento pontiagudo, fratura exposta, feridas profundas), cirurgia ou a um foco infeccioso junto ao osso. A Osteomielite pode também ser secundária a uma doença vascular periférica. Toda Osteomielite começa como infecção aguda. Se não tratada, ou se o tratamento não for eficaz, evolui, por definição após seis meses, para Osteomielite crônica.

Morfologia

A morfologia da Osteomielite depende do estágio (aguda ou crônica) e localização da infecção. Uma vez localizada no osso, a bactéria prolifera e induz a uma reação inflamatória aguda. São liberadas toxinas e enzimas destrutivas, que reduzem o PH local e a tensão de oxigênio, aumenta a pressão intra óssea e causa a morte celular. O osso afetado sofre necrose dentro das primeiras 48 horas e a bactéria e a inflamação dissemina-se através da coluna óssea, podendo se infiltrar através do sistema Harvesiano para alcançar o periósteo. Nas crianças, o periósteo está frouxamente ligado a córtex, portanto abscessos subperiósteos consideráveis podem se formar, podendo se estender por grande distância ao longo da superfície óssea. O levantamento do periósteo ajuda a reduzir o suprimento sangüíneo para a região afetada, e tanto a supuração como as injúrias isquêmicas podem causar necrose óssea segmentar; os fragmentos de osso necrosados são conhecidos como seqüestros. A rotura do periósteo leva à formação de abscessos nos tecidos moles junto ao osso e à eventual formação de fístulas de drenagem (que drena material purulento para a superfície da pele ou outras estruturas do corpo). Algumas vezes, o seqüestro se fragmenta e forma corpos livres que passam através das fístulas. Nas crianças mais novas, mas raramente nos adultos, a infecção epifisária se estende através da superfície articular ou ao longo da cápsula e inserções tendoligamentares para dentro da cavidade articular, produzindo então Artrite Séptica, o que pode causar extensa destruição da cartilagem hialina e permanente incapacidade. Um processo análogo envolve as vértebras, nas quais a infecção destrói a cartilagem e o disco intervertebral, e se estende para as vértebras adjacentes. No fim de algum tempo, surge a resposta do hospedeiro e, após a primeira semana de infecção, células inflamatórias crônicas tornam-se mais numerosas e estimulam a reabsorção óssea osteoclástica, crescimento interno de tecido fibroso e deposição de osso reativo na periferia. Na presença de um seqüestro, o material reativo ou osso lamelar pode ser depositado como uma luva de tecido vivo, conhecido como invólucro, ao redor do segmento de osso desvitalizado.

Como é feito o Diagnostico

O diagnóstico de osteomielite é feito principalmente através de radiografia (raio X) e, eventualmente, de tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear ou outras técnicas de diagnóstico por imagem.
Descobrir a causa exata da doença é essencial, pois o tratamento varia de acordo com o agente causador. Para isso, utilizam-se amostras de sangue ou da área lesada, onde esses organismos são mais facilmente encontrados.

Informativo

• Mortalidade e Morbidade

A mortalidade pode ser significativa e pode incluir: disseminação da infecção para os tecidos vizinhos e cavidade articular; evolução para Osteomielite crônica, com dor e incapacidade do membro afetado; amputação da extremidade envolvida; infecção generalizada ou sepsis. A taxa de mortalidade é baixa, a não ser que exista sepsis ou sérias como órbidades do paciente.

• Sexo

A doença é mais freqüente no sexo masculino na proporção de 2:1.

• Agente Casual

As bactérias mais envolvidas são:

1. Recém-nascidos (menos de 4 meses): Staphilococus aureus, Enterobacter species e Streptococus species dos Grupos A e B;

2. Crianças (de 4 meses a 4 anos): Staphilococus aureus, Streptococus species do Grupo A, Haemophilus influenzae e Enterobacter species

3. Crianças e Adolescentes (de 4 anos até a idade adulta): Staphilococus aureus (80%), Streptucocus species do Grupo A, Haemophilus influenzae e Enterobacter species

4. Adultos: Staphilococus aureus e ocasionalmente Enterobacter ou Streptococus species;

5. Nas Osteomielites por trauma direto, geralmente: Staphilococus aureus, Enterobacter species e Pseudomonas species;

6. Nas feridas perfurantes dos pés: Staphilococus aureus e Pseudomonas species

 
FONTE: http://osteomielite.tripod.com

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ÚLCERAS DE PRESSÃO

O que é?
A úlcera de pressão pode ser definida como uma lesão de pele causada pela interrupção sangüínea em uma determinada área, que se desenvolve devido a uma pressão aumentada por um período prolongado. Também é conhecida como úlcera de decúbito, escara ou escara de decúbito. O termo escara deve ser utilizado quando se tem uma parte necrótica ou crosta preta na lesão.
Como se desenvolve?
A úlcera de pressão se desenvolve quando se tem uma compressão do tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado. O local mais freqüente para o seu desenvolvimento é na região sacra, calcâneo, nádegas, trocânteres, cotovelos e tronco.
Quais as causas e fatores de risco?
São vários os fatores que podem aumentar o risco para o desenvolvimento da úlcera de pressão como: imobilidade, pressões prolongadas, fricção, traumatismos, idade avançada, desnutrição, incontinência urinária e fecal, infecção, deficiência de vitamina, pressão arterial, umidade excessiva, edema.
Estágios da úlcera de pressão
As úlceras de pressão podem classificadas em: 
Estágio I

quando a pele está intacta, mas se observa vermelhidão e um pouco de ulceração de pele.
Estágio II

quando a pele já está perdendo sua espessura, manifestando abrasão, bolha ou cratera superficial
Estágio III

quando se observa uma ferida de espessura completa, envolvendo a epiderme, a derme e o subcutâneo.
Estágio IV

quando se tem uma lesão significante, onde há a destruição ou necrose para os músculos, ossos e estruturas de suporte( tendões e cápsula articular).
Quem corre mais riscos?
Pacientes acamados que são ou foram fumantes, diabéticos, pacientes com incontinência fecal e urinária (uso de fraldas), desnutridos, idosos, pessoas com pouca ou nenhuma mobilidade, com problemas de circulação arterial.
Como prevenir?
Manter alguns cuidados com a pele do paciente é fundamental. A atuação fundamental é no alívio da pressão da pele, nas áreas de maior risco, ou onde se tem ossos mais proeminentes. Alguns cuidados são bem importantes, e podem ser realizados desde os primeiros momentos que o paciente ficou acamado, seja em casa ou no hospital. 
 
Atenção – áreas avermelhadas não devem ser massageadas, para não aumentar a área já lesionada.
Manter colchão piramidal (caixa de ovo) sobre o colchão da cama do paciente.
Mudar sempre o paciente acamado de posição.
Colocar travesseiros macios embaixo dos tornozelos para elevar os calcanhares.
Colocar o paciente sentado em poltrona macia, ou revestida com colchão piramidal, várias vezes ao dia.
Quando sentado mudar as pernas de posição, alternando as áreas de apoio.
Manter alimentação rica em vitaminas e proteína.
Manter hidratação.
Trocar fraldas a cada três horas, mantendo paciente limpo e seco..
Hidratar a pele com óleos e/ou cremes a base de vegetais
Utilizar sabonetes com pH neutro para realizar a limpeza da região genital.
Estar atento para o aparecimento de candidíase e outras infecções por fungos. Nesses casos, procurar o médico.
Aplicação de filme transparente e/ou cremes ou loções a base de AGE nas áreas de risco aumentado para lesões
Realizar massagem suave na pele sadia, em áreas potenciais de pressão, com loção umectante e suave.
Manter a limpeza das roupas de cama, bem como mantê-las seca e bem esticadas.
NÃO utilizar lâmpada de calor sobre a pele, pois estimulam o ressecamento da mesma.
Como tratar?
O tratamento da ferida consiste em limpeza da lesão com jato de soro fisiológico, preferencialmente morno. O jato é conseguido perfurando-se o frasco de soro com uma agulha 40X12 ou 30X8. Este jato tem a propriedade de limpar a ferida sem destruir o que o próprio organismo vem reconstruindo.
Se há presença de escaras (crosta preta e endurecida) sobre a lesão, esta deverá ser retirada por um profissional médico ou enfermeiro especializado.
Existem vários produtos, chamados de “novas tecnologias” para auxiliar no tratamento das úlceras de pressão. A indicação fica a critério médico ou de enfermeira especializada. Os resultados são bastante eficazes.



FONTE: ABC DA SAÚDE







Linfoma de Burkitt


Linfoma de Burkitt (anteriormente denominado Linfoma Não-Hodgkin de alto grau de pequenas células não-clivadas) é uma neoplasia de células B maduras altamente agressiva que acomete mais a faixa etária pediátrica, sendo endêmico em regiões africanas.
A t(8;14)(q24;q32) - translocação de material genético entre os cromossomos 8 e 14 - ocorre em 80% dos casos. Outros 20% correspondem a t(2;8)(p12;q24) e t(8;22)(q24;q11).
Todas estas alterações citogenéticas envolvem a superexpressão de um gene com múltiplas funções celulares denominado c-myc. Este gene é determinante no desenvolvimento desta patologia. [1]
Os cortes histológicos do tumor podem apresentar aspecto de "céu estrelado" (starry sky). Existe associação entre a infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) e o desenvolvimento do linfoma de Burkitt.
Muitas vezes apresenta-se com doença extranodal. Seus portadores podem apresentar acometimento de estruturas ósseas, com lesões orais maciças, sendo a mandíbula o osso mais atingido. Pode acometer ainda diversas estruturas, incluindo rins e ovários.
As células do linfoma de Burkitt são morfologicamente idênticas às células da leucemia linfóide aguda, subtipo FAB L3. A imunofenotipagem celular revela positividade do CD20 na extensa maioria dos casos.


Histórico

A primeira descrição desta doença foi realizada em 1958 [2] pelo médico irlandês Denis P. Burkitt, que observou grande prevalência de um tumor altamente agressivo que atingia de forma endêmica crianças na África equatorial.
Foi inicialmente descrito como sarcoma (câncer das partes moles), porém posteriormente observou-se que se tratava de tumor primário do sistema linfático (linfoma).
Acreditou-se durante muitos anos que o linfoma de Burkitt e a leucemia linfóide aguda L3 (leucemia de Burkitt) representavam doenças diferentes. No entanto, com o advento de modernas técnicas de análise cromossômica e genética, foi possível determinar que ambas representavam espectros de uma mesma doença.
Em 2001 a Organização Mundial da Sáude (OMS) classificou estas afecções como sendo uma entidade única (neoplasia de células B maduras, subtipo Linfoma/Leucemia de Burkitt), com três variantes clínicas. [3]


Variantes Clínicas

De acordo com a OMS, três variantes clínicas são identificáveis:
§                     Variante Endêmica: ocorre em crianças da África equatorial onde a malária é endêmica e possui alta correlação com a infecção pelo EBV (98% dos casos). Acredita-se que o status de imunodepressão crônica causado pela malária contribua para o desenvolvimento da doença.
§                     Variante Esporádica: acomete crianças e adultos de outras áreas geográficas. Associa-se com infecção pelo EBV em 5-10% dos casos.
§                     Associada à imunodeficiência: na maioria dos casos associada com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A associação com co-infecção pelo EBV situa-se entre 25-40% dos casos.

Linfoma de Burkitt


Linfoma/Leucemia de Burkitt
Classificação e recursos externos
Burkitt lymphoma, touch prep, Wright stain.jpg
Células características do Linfoma de Burkitt
CID-10C83.7
CID-9200.2
CID-O:9687/3
OMIM113970
DiseasesDB1784
MeSHD002051
Linfoma de Burkitt (anteriormente denominado Linfoma Não-Hodgkin de alto grau de pequenas células não-clivadas) é uma neoplasia de células B maduras altamente agressiva que acomete mais a faixa etária pediátrica, sendo endêmico em regiões africanas.
A t(8;14)(q24;q32) - translocação de material genético entre os cromossomos 8 e 14 - ocorre em 80% dos casos. Outros 20% correspondem a t(2;8)(p12;q24) e t(8;22)(q24;q11).
Todas estas alterações citogenéticas envolvem a superexpressão de um gene com múltiplas funções celulares denominado c-myc. Este gene é determinante no desenvolvimento desta patologia. [1]
Os cortes histológicos do tumor podem apresentar aspecto de "céu estrelado" (starry sky). Existe associação entre a infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) e o desenvolvimento do linfoma de Burkitt.
Muitas vezes apresenta-se com doença extranodal. Seus portadores podem apresentar acometimento de estruturas ósseas, com lesões orais maciças, sendo a mandíbula o osso mais atingido. Pode acometer ainda diversas estruturas, incluindo rins e ovários.
As células do linfoma de Burkitt são morfologicamente idênticas às células da leucemia linfóide aguda, subtipo FAB L3. A imunofenotipagem celular revela positividade do CD20 na extensa maioria dos casos.


Histórico

A primeira descrição desta doença foi realizada em 1958 [2] pelo médico irlandês Denis P. Burkitt, que observou grande prevalência de um tumor altamente agressivo que atingia de forma endêmica crianças na África equatorial.
Foi inicialmente descrito como sarcoma (câncer das partes moles), porém posteriormente observou-se que se tratava de tumor primário do sistema linfático (linfoma).
Acreditou-se durante muitos anos que o linfoma de Burkitt e a leucemia linfóide aguda L3 (leucemia de Burkitt) representavam doenças diferentes. No entanto, com o advento de modernas técnicas de análise cromossômica e genética, foi possível determinar que ambas representavam espectros de uma mesma doença.
Em 2001 a Organização Mundial da Sáude (OMS) classificou estas afecções como sendo uma entidade única (neoplasia de células B maduras, subtipo Linfoma/Leucemia de Burkitt), com três variantes clínicas. [3]


Variantes Clínicas

De acordo com a OMS, três variantes clínicas são identificáveis:
  • Variante Endêmica: ocorre em crianças da África equatorial onde a malária é endêmica e possui alta correlação com a infecção pelo EBV (98% dos casos). Acredita-se que o status de imunodepressão crônica causado pela malária contribua para o desenvolvimento da doença.
  • Variante Esporádica: acomete crianças e adultos de outras áreas geográficas. Associa-se com infecção pelo EBV em 5-10% dos casos.
  • Associada à imunodeficiência: na maioria dos casos associada com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A associação com co-infecção pelo EBV situa-se entre 25-40% dos casos.


Patologia em Hipertexto

  • Introdução:O corpo humano adulto tem entre 1 a 2 quilogramas de cálcio, dos quais 90% estão localizados no esqueleto e dentes, na forma dehidroxiapatita. Cerca de 500 mg de cálcio são mobilizados dos ossos pela osteólise osteocítica e redepositados no novo tecido osteóide aposto a cada dia. Em uma dieta normal ingere-se de 600 a 1000 mg de cálcio por dia, a maior parte sendo excretado pelo tubo intestinal (cerca de 760 mg/dia), pelos rins (100 a 300 mg/dia, proporcional à natriurese) e pela sudorese.
    A absorção do cálcio se dá no duodeno por transporte ativo dependente de proteínas, e é inibida na deficiência de vitamina D, na uremia, e no excesso de ácidos graxos. A calcemia normal fica entre 8.8 a 10.4 mg% (2.2 a 2.6 mM). A manutenção desses níveis adequados de cálcio é parte importante no tratamento de diversas enfermidades e merece a atenção de vários profissionais ligados à saúde. No plasma, o cálcio está presente sob a forma de íons livres - importantes na regulação da coagulabilidade sangüínea e da irritabilidade neuromuscular (a hipocalcemia causa tetania); ligados a proteínas (50% da calcemia) e em complexos difusíveis.
    Quando sais (fosfatos, carbonatos e citratos) de cálcio (e também de ferro, magnésio, e outros) são depositados em tecidos frouxos não osteóides, em órgãos parenquimatosos, na parede dos vasos, e em pleuras ou meninges, enrigecendo-os, dá-se o nome de calcificações oumineralizações - patológicas ou heterotópicas (Fig. 5.1).


    Apesar de se constituírem em um capítulo à parte dentro da patologia geral, as calcificações patológicas ocorrem em concomitância com vários processos gerais, como as necroses e degenerações e podem estar presentes em virtualmente qualquer lesão crônica.
    Convém salientar que apesar de essencial, o cálcio é um elemento tóxico para as células. Por essa razão existem mecanismos diversos e complexos para manter um elevado gradiente de concentração com cálcio intracitoplasmático rigorosamente baixo. Isto permite o seu papel como segundo mensageiro na tradução dos sinais participando de importantes processos como ativação, secreção, contração, exaustão e mesmo a morte celular. Sem dúvida, o cálcio pode ser considerado como a "adrenalina da célula"...

  • Conceituação:deposição patológica de minerais e sais de cálcio pode ocorrer nos tecidos em duas formas: Na calcificação distrófica ou local - que afeta tecidos lesados e não depende dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo; e na calcificação metastática ou geral ou discrásica ou gota cálcica - onde a hipercalcemia resulta na precipitação dos sais em tecidos normais.
    A distinção entre os dois tipos de calcificações suscita discussões e muitas vezes é considerada artificial, já que o aspecto morfofisiológico final é similar e que a deposição de cálcio nos tecidos sadios com alguma freqüência determina lesão nestes. Além disso, a hipercalcemia pode também favorecer a deposição de cálcio nos tecidos lesados, intensificando a calcificação distrófica. Entretanto, a presença de sinais de lesão prévia aliados à maior intensidade da deposição calcárea sugerem calcificação distrófica. A distribuição e localização dos depósitos também podem ser de valor na diferenciação entre calcificação distrófica e metastática.
    Por vezes o termo "calcinose" tem sido utilizado como sinônimo de calcificação metastática extensa. Pode também designar a calcificação da derme e do tecido subcutâneo ("calcinose cutis"), independente da causa.

  • Etiologia e Patogenia:A calcificação distrófica é mais freqüente que a metastática e ocorre de maneira mais localizada nos tecidos conjuntivos fibrosos hialinizados em lenta e prolongada degeneração, como na parede de vasos esclerosados (ex: placas ateromatosas antigas e esclerose medial de Monckeberg nas artérias uterinas de mulheres idosas - Fig. 5.2), em tendões, em válvulas cardíacas, e em alguns tumores (ex: leiomiomas uterinos, meningiomas, carcinomas mamários e papilares da tireóide e do ovário).  
    A calcificação distrófica ocorre também nas áreas de necroses antigas e não reabsorvidas, como na linfadenite caseosa da tuberculose (Fig. 5.3), nos infartos antigos, ao redor de parasitas e larvas mortas, na necrose enzimática das gorduras da pancreatite, nos abscessos crônicos de difícil resolução e em trombos venosos crônicos (flebólitos). Em órgãos tubulares (ductos e vesículas), a calcificação pode envolver núcleos orgânicos de debris e células descamadas permitindo a formação de cálculos.

  Os cristais de fosfato de cálcio depositados nas calcificações patológicas são similares à hidroxiapatita do osso. A deposição ocorre em duas etapas: iniciação (ou nucleação) e proliferação (ou crescimento). A nucleação é a acomodação dos hexágonos de hidroxiapatita na intimidade da molécula de colágeno ou de osteonectina. A fase intracelular da nucleação ocorre nas mitocôndrias de células mortas ou lesadas. A fase extracelular ocorre em estruturas denominadas "vesículas da matriz", - organelas extracelulares que têm composição e atividade enzimática distinta das membranas plasmáticas que lhes deram origem. Possuem 25 a 250 nm de diâmetro e são originadas de células degeneradas ou necróticas, na vizinhança da área de calcificação. Fosfolipídios ácidos presentes nessas vesículas, principalmente a fosfatidilserina, agem como captadores e precipitadores de cálcio. Além disso, fosfatases também presentes nessas vesículas parecem reprimir os mecanismos inibitórios da precipitação dos sais, representados pelos pirofosfatos e proteoglicanos. A proteólise destes aumenta a formação da hidroxiapatita por permitir maior mobilidade de íons, facilitando a saturação dos fluidos extracelulares. A etapa de proliferação do núcleo é a progressão autocatalítica da deposição dos sais e é influenciada por múltiplos fatores extracelulares, tais como: cálcio, fósforo e fosfatase alcalina, análogos da osteocalcina, osteopontina, pH do tecido, vitamina D, balanço hormonal, suprimento sangüíneo e solução de continuidade de tecidos moles (Fig. 5.4).

  A calcificação metastática é mais disseminada no organismo que a distrófica e decorre da absorção abundante de cálcio no tubo gastro-intestinal por intoxicação com vitamina D; e da mobilização excessiva de cálcio dos ossos, consequência de imobilização prolongada, de osteólise (mielomas ou metástases ósseas); e do hiperparatireoidismo primário ou secundário (renal, nutricional ou por síndrome para-neoplásica).
A Insuficiência renal crônica provoca retenção de fosfatos (hiperfosfatemia por hipofosfatúria) o que determinará maior secreção de paratôrmonio no sentido de se equilibrar a relação cálcio-fósforo no sangue. Assim, a hiperfosfatemia induz a elevação da calcemia por excessiva mobilização óssea, às vezes ultrapassando o limiar de solubilidade do cálcio e fósforo no plasma, permitindo a sua precipitação nos tecidos (Fig. 5.5).


Em cerca de 5% dos carcinomas, principalmente no mamário e pulmonar, pode ocorrer hipercalcemia, seja pela secreção de proteínas que mimetizam a ação do paratôrmonio (nas "síndromes para-neoplásicas") ou pela osteólise nas metástases ósseas. A maioria dos pacientes nessas condições, no entanto, não sobrevivem a tempo de ocorrer calcificação metastática em níveis significativos.
Em termos de patologia comparada merece ainda ser citado o hiperparatireoidismo secundário nutricional, que afeta principalmente animais carnívoros domésticos e de zoológico, e herbívoros alimentados com excesso de grãos. A dieta exclusiva com carne e vísceras e a ausência de ossos ou de suplementos de cálcio nos carnívoros, assim como o excesso de grãos e a deficiência de gramíneas na dieta dos herbívoros, com freqüência acarreta hiperfosfatemia, que determinará maior secreção de paratôrmonio no sentido de se equilibrar a relação cálcio-fósforo no sangue. Assim, ocorrerá hiperparatireoidismo com excessiva mobilização óssea e saturação dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo, permitindo a precipitação de sais de cálcio nos tecidos.
Em várias partes do mundo, herbívoros que utilizam pastagens com Solanum malacoxylon e Cestrum diurnum mostram deposição de sais de cálcio em vários tecidos moles, incluindo a aorta, os rins, tendões, ligamentos articulares e coração. O princípio ativo dessas plantas é semelhante ao da forma mais ativa da vitamina D, o 1,25- diidroxicolecalciferol. O excesso desse composto estimula a síntese de proteínas captadoras de cálcio e a absorção intestinal de cálcio, gerando hipercalcemia e possibilitando a calcificação metastática.

  • Aspectos Morfológicos:Enquanto a Calcificação distrófica ocorre mais localizadamente, a Calcificação metastática atinge principalmente o estroma dos rins e pulmões, o estômago, o coração, a parede das artérias e a córnea. Aparentemente o pH alcalino ao longo das membranas basais dos vasos desses órgãos favorecem a precipitação dos sais.
    A área calcificada, quando macroscopicamente visível, mostra nódulos parenquimatosos freqüentemente palpáveis, de consistência firme, pétrea ou arenosa, resistentes ao corte, com coloração brancacenta ou acinzentada. À tentativa de secção, a faca "range" ao corte. São radio-opacos ao raio X.
    À microscopia óptica verifica-se acidofilia inicial, com aparecimento de grumos basófilos irregulares (muitas vezes confundidos com bactérias) que confluem ou crescem formando grânulos maiores, às vezes fragmentados devido à microtomia. Pode ocorrer também a formação de lamelas de deposição concêntricas caracterizando os chamados "corpos psamomatosos". A coloração é azul escuro ou roxo, nas colorações de HE, vermelho-escarlate à alizarina Vermelha S de Langeron (mais específica para cálcio) e negro à coloração de Van Kossa (impregnação com nitrato de prata, que detecta fosfatos, inclusive o de cálcio).
    À microscopia eletrônica o cálcio é melhor evidenciado utilizando-se o piroantimonato de potássio, que produz precipitados eletrodensos com o cálcio, tornando-o facilmente evidenciável ao nível ultraestrutural. Sem dúvida, tais precipitados inicialmente são vistos predominantemente nas mitocôndrias e nas vesículas da matriz das membranas.
  • Evolução. Conseqüências /Complicações. Fisiopatologia:As conseqüências da calcificação dependerão do local e da intensidade da deposição dos sais. Geralmente o depósito de cálcio é considerado inócuo e inerte, apesar de permanente e irreversível.
    A calcificação distrófica geralmente não tem grandes efeitos deletérios sobre o organismo, exceto quando afetando válvulas cardíacas (causando estenose e insuficiência valvular e cardíaca), complicando ateroscleroses ou potenciando a ocorrência de litíases. Quando ocorre nos granulomas tuberculosos, nos abscessos crônicos e nos aneurismas verminóticos, a calcificação distrófica pode ser considerada benéfica, uma vez que encarcera o agente agressor.
    Em geral, a calcificação metastática não causa disfunção clínica significativa, sendo a condição hipercalcêmica mais importante que a calcificação em si. Entretanto, pode ocorrer deficiência respiratória no caso de envolvimento intenso dos pulmões, e insuficiência renal nos depósitos maciços nos rins (nefrocalcinose).
    A metaplasia óssea ou ossificação heterotópica é uma conseqüência comum das calcificações, com a metaplasia dos fibroblastos e das células mesenquimais indiferenciadas em osteoblastos e a formação de tecido osteóide.

  • Cálculos ou concreções ou litíasesDá-se o nome de cálculos (do latim "calculus" - pedra de contar) ou concreções endógenas (do latim "concretione" - material endurecido) ou ainda litíase (do grego "lithos"- pedra) às massas esferoidais, ovóides ou facetadas, sólidas, concretas e compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal, vaginal do testículo), condutos naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e mesmo no interior de vasos.
    Este material se deposita por precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico, formado por agregados de células descamadas, grumos bacterianos, massas de fibrina ou de mucina, corpos estranhos, etc - com estrutura radiada ou mesmo em estratificações sucessivas formando camadas concêntricas.
    Como norma geral de nomenclatura das concreções endógenas, utiliza-se um termo designativo do local de formação ou origem, acrescido do sufixo "litíase" para denominar a ocorrência do problema, e do sufixo "lito" para denominar o cálculo. Como exemplos mais freqüentes citam-se os biliares (colelitíase e colélitos), os urinários (urolitíase e urólitos), os bronquiais (bronquiolitíase e bronquiólitos), os salivares (sialolitíase e sialólitos) e os vasculares - formados a partir de trombos (flebólitos e arteriólitos). Menos freqüentes são os cálculos prepuciais, devido à mineralização do esmegma no sulco balanoprepucial nos casos de fimose severa; os corpos psamomatosos dos plexos coróides; os rinolitos da cavidade nasal e os cálculos amigdalianos.
    Cálculos microscópicos ou microconcreções são também chamadas de corpos amilóides ou amiláceos ("Corpora amylacea"). Estes são geralmente concêntricos e hialinos sendo freqüentes nos ácinos prostáticos e nos alvéolos mamários.
    Em patologia comparada merecem citação as concreções exógenas ou "bezoários" (do persa "pàdzähr" e do árabe "bazahr", que significa "portador de felicidade" ou "anti-veneno" - o que justificava o seu uso como talismã na idade média). Tratam-se de massas esféricas, ovóides ou ainda facetadas, que se formam no tubo gastro intestinal, constituídos de material exógeno (pêlos ingeridos ou fibras vegetais não digeridas). Dois tipos são descritos:
    As piloconcreções ou pilobezoários ou ainda egagrópilos (de "Hircus aegagrus" - cabra asiática cujos pilobezoários eram importantes amuletos para os tibetanos) são massas leves (densidade = 0.7 g/cm3), lisas ou hirsutas, formadas pelo enovelamento dos pêlos ingeridos. São mais freqüentes em bovinos, camelos, cães e suínos. Podem estar associados com dermatopatias, desnutrição e/ou verminose (com parorexia ou perversão do apetite) ou com hábitos sazonais. Geralmente são inócuos, mas podem causar obstruções, rupturas e peritonite quando se tornam muito volumosos.
    As fitoconcreções ou fitobezoários são massas mais leves que os enterólitos e mais pesados que as piloconcreções, podendo ser aveludados, esverdeados e, às vezes, cerebriformes. São mais freqüentemente encontrados no cólon de eqüinos alimentados com aveia e nos pré-estômagos de ruminantes.
    Para concluir, merecem ainda destaque as chamadas pseudoconcreções ou "fecálitos" ou "cíbalos" ou ainda "fecalomas". Trata-se de material fecal dessecado, endurecido, conseqüência de constipação crônica. Não deve ser confundida com os verdadeiros enterólitos, que são mais raros.

  • Leitura Complementar:

  • ANDERSON, HC. Mechanisms of pathologic calcification. Rheum Dis Clin North Am. 14: 303-319, 1988.
  • ANDERSON, HC. The role of cell versus matrix in bone formation. Connective Tissue Res. 24: 3-12, 1990.
  • BOSKEY, AL, ULRICH, W, SPEVAK, L. et al. Persistence of complexed acidic phospholilpids in rapidly mineralizing tissues is due to affinity for mineral and resistance to hydrolytic attack: In vitro data. Calcified Tissue International. 58(1): 45-51, 1996.
  • BRIGHTON. CT, HUNT, RM Histochemical localization of calcium in growth plate mitochondria and matrix vesicles. Federation Proceedings. 35 (2): 143-147, 1976.
  • DOHERTY, TM, DETRANO, RC. Coronary arterial calcification as an active process: A new perspective on an old problem. Calcified Tissue International. 54(3): 224-230, 1994.
  • ELLIOTT, RJ, McGRATH, LT. Calcification of the human thoracic aorta during aging. Calcified Tissue International. 54(4): 268-273, 1994.
  • FUJITA, T. Calcium intake, calcium absorption, and osteoporosis. Calcified Tissue International. 58(4): 215, 1996.
  • HAFNER, J, KEUSCH, G, WAHL, C, SAUTER, B. et al. Uremica small-artery disease with medial calcification and intimal hyperplasia (so-called calciphylaxis): A complication of chronic renal failure and benefit from parathyroidectomy. J Am Acad Dermatol. 33(6): 954-962, 1995.
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  • JIANG, YB, WANG, YZ, ZHAO, J, MARCHAL, G, WANG, YX, SHEN, YL, XING, SZ, ZHANG, XY, BAERT, AL. Metastatic calcification within bone. The main cause of osteosclerosis in hypervitaminosis D3. Radiologic-pathologic correlation. Invest Radiol 25: 1188-1196, 1990.